sexta-feira, 15 de junho de 2007

Haiti: Medo, Tensão e Colapso

Não era 2001, uma Odisséia no Espaço, porém era 2002 e o assombro das greves gerais estava presente no Haiti, no ano seguinte, mais assassinatos. Em 2004, a situação econômica era insustentável e o Congresso impõe a renúncia do presidente, após o pedido de reembolso à França feito por Aristide.
O dinheiro foi resultado de uma ameaça feita por Jean-Pierre Boyer aos haitianos para que o governo francês não retornasse mais ao Haiti. O medo do retorno da antiga metrópole possibilitou a entrega do dinheiro.
O Haiti provavelmente não tem a noção de que é temido fora dos limites do país, devido a grande influência na conquista da independência na Bolívia, na Venezuela e na Colômbia, assim, são considerados povos de ideologia contrária aos interesses “dos grandes impérios”, dessa forma, são sentenciados a fome e a miséria para que o silêncio não reflita o “farol da liberdade do povo negro” no mundo e a antiga pérola das Antilhas.
A tensão existente no Haiti é política, simpatizantes do governo de Aristide são perseguidos e os criminosos condenados são libertados, o país que é tido como pobre deveria ser classificado como empobrecido, pois há riquezas naturais que não foram exploradas, como, por exemplo, lugares históricos.
Os franceses foram substituídos por uma “elite mulata” que dissemina o preconceito e o poder, que outrora, nos idos de 1957, foi conhecido como época de obscurantismo político, quando a família Duvalier governou o país até 1986. Depois de 1991, Aristide, que foi deposto e retornou ao governo várias vezes, a insegurança perdura.
No "olhar dominicano", por exemplo, os haitianos de origem africana são chamados negros, enquanto os dominicanos da mesma cor e origem são tidos como "índios". O Haiti é considerado atrasado e sem participação popular junto ao governo federal. Na atualidade, tem alguns paradoxos, tais como: um estado que funciona em francês quando o povo se comunica em crioulo. Um Estado que a apóia a economia de exportação quando o povo tem uma economia de subsistência e produção de alimentos. Um Estado que está contra o vodu, quando a cultura nacional está baseada nessa direção.
Haitiano vítima da miséria
O Colapso chega com a missão de paz. O Brasil não tinha nenhuma relação diplomática com o Haiti até “encabeçar” a força de ocupação da O. N. U. – Organização das Nações Unidas. O número de haitianos no Brasil é muito pequeno, assim como, o número de brasileiros no Haiti. A missão do Brasil em fazer uma reconciliação nacional e garantir o retorno ao regime democrático pleno pode ser grande demais para a força de acordo, tendo em vista que há interesses muito maiores que a paz.

Haiti: De Colombo a atualidade

Reportagem de Aira Pagan Zogaib

A palavra HAITI, significa "país montanhoso", é o nome de uma grande ilha localizada nas Antilhas, foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, chamada de ilha de São Domingo, foi inserida em mapas a partir de 1505. Tinha na agricultura da cana-de-açúcar uma fonte de renda para os colonizadores e na exploração de ouro uma sanguinária batalha contra os nativos. Após a dizimação dos índios “arauaques”, primitivos habitantes da Ilha Espanhola, navios traziam escravos da África Ocidental e depois do declínio do extrativismo, os espanhóis rumaram ao sul, permitindo que piratas franceses ocupassem a ilha com vantagens para a França, que recebeu a soberania da ilha por tratado, em 1697.A agricultura prospera, mais de 500 mil negros fazem trabalho desumano para a metrópole, no entanto chega da França os ecos dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade. Escravos rebeldes, foragidos nas montanhas do interior, conhecidos como “cimarróns”, não só no Haiti, mas em outras ilhas do Caribe, rebelaram-se contra a nação francesa. Depois de 13 anos, o escravo Toussaint Louverture comanda a ilha, tem a habilidade de trabalhar a rivalidade Espanha, França e Inglaterra.

Vence Napoleão Bonaparte. Outros países temem que o ímpeto revolucionário haitiano provoque novas revoltas. Somente em 1804, o Haiti tem reconhecida a independência, apenas os Estados Unidos se torna liberto da metrópole antes do Haiti, entretanto o país é a primeira república dos negros a ser proclamada no mundo.

A república deveria ser vermelha, pois histórias de sangue são constantes. Após a proclamação, Jacques Dessalines se intitula imperador, porém logo é assassinado e a ilha é dividida em duas partes: a parte oriental - atual República Dominicana - é retomada pela Espanha.
Indenização foi necessária para que a França reconhecesse a independência, foram US$ 90 milhões em dinheiro conquistado com sangue negro e não foram suficientes para a libertação negra. Mais invasões no país, com “vistas” para o financeiro, os Estados Unidos invadem com justificativa de não-cumprimento dos contratos. O período de 1915 a 1934 é o retorno ao colonialismo, que continua de modo não explicitado com François Duvalier, o Papa-Doc, alusão ao título de doutorado do presidente, e com François Duvalier, o Baby-Doc. Foram 29 anos de sofrimento e muita dor por meio do terrorismo político.

Sem potencial econômico e com o político comprometido com os Estados Unidos, surge Jean-Bertrand Aristide, um padre da Teologia da Libertação que defendia uma mudança política. Lutou contra o grupo paramilitar FRAPH - Frente Revolucionária pelo Avanço e o Progresso do Haiti, que recebia investimento de outros países e foi deposto um ano depois por grupos civil-militares.

Morte e fuga. Dinheiro negado para Aristide para governar o Haiti e entrega de dinheiro a Washington, o dinheiro que entrava no país era usado para a opressão popular. Manifestações aparecem e é imperada a “ingovernabilidade” do Haiti.